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Descrição:
Com o objetivo de experimentar novos materiais e soluções,
o projeto buscou a revisão de conceitos e valores estéticos
padronizados, priorizando a busca pelo conforto.
Seu principal desafio foi a escolha de soluções
frente a um universo infinito de possibilidades e de materiais
disponíveis. A pesquisa permitiu a criação
de uma nova visão de espaço e de ser humano. As
soluções simples encontradas criaram uma linguagem
arquitetônica própria, geradora da sensação
de bem estar e de conforto para os seus moradores.
A casa conta com dois pisos (térreo e superior) incluindo
três quartos, sala-cozinha, lavanderia, terraço de
verão e inverno. A construção foi planejada
a partir de um refúgio já existente, que consistia
em um baú de caminhão, e que foi integrado ao projeto.
O projeto procurou garantir a temperatura efetiva do ambiente
adequada para o conforto humano priorizando o uso de energias
passivas (recursos naturais).
Para tanto, foram utilizados a propriedade física dos materiais
(inércia e amortecimento) e o cálculo da quantidade
de calor solar em cada época do ano. Assim, no inverno
e demais estações frias, esta propriedade é
utilizada para transferir o calor, no momento desejado, para o
ambiente interno. No verão, é preciso impedir que
o excesso de calor incida sobre a envoltória.
Neste projeto, considerando as características climáticas
da região, foram utilizadas brises horizontais como prolongamento
da cobertura, para impedir a incidência excessiva de calor
no verão. E, para aproveitar o calor recebido no inverno
e nos solstícios, foram utilizados tijolos de solo-cimento
na espessura adequada, conforme o cálculo da inércia
e amortecimento. Além disso, a cobertura é extremamente
isolante para evitar as perdas internas no inverno e o ganho de
calor no verão. A opção foi a colocação
de telhas alto-portante (alumínio, lã de rocha e
alumínio - em camadas) resultando em uma cobertura leve,
que elimina a necessidade de forro, isolamento térmico
e estrutura de suporte para o telhado.
Com o objetivo de complementar a proposta e como fonte de calor
ativo, optou-se pela implantação de um fogão
à lenha no centro da sala de estar, utilizado quando o
aquecimento passivo não é suficiente para atingir
a temperatura de conforto. O fogão à lenha é
também parte de um sistema de aquecimento extensivo aos
demais ambientes. A água passa pela serpentina do fogão
e em seguida é distribuída para dois radiadores
localizados em pontos estratégicos, complementando assim,
o aquecimento da casa.
O sistema de ventilação foi implantado a partir
da definição de aberturas superiores e cruzadas,
instaladas em pontos estratégicos, para proporcionar renovações
de ar por meio do efeito chaminé. Com isso, contribui igualmente
para a retirada de calor em dias quentes.
A localização geográfica brasileira permite
a utilização de iluminação natural
em 70% dos dias do ano. Neste projeto, buscou-se aproveitar 100%
desta disponibilidade, a partir da definição de
grandes aberturas. Além disso, a luz foi utilizada na sua
característica subjetiva, ou seja, as diferentes tonalidades
originárias do nascer do sol e do pôr do sol incidem
internamente sobre a edificação, pintando e decorando
o ambiente conforme o movimento da natureza.
A média de consumo de uma habitação no Brasil
corresponde a 50/53 kw/h/p/mês. Como resultado do sistema
de iluminação adotado, esta habitação
consome 28 kw/h/p/mês, equiparando-se assim aos padrões
internacionais de eficiência energética. Além
disso, observa-se uma diminuição em relação
à média nacional de consumo por m² equivalente
a 5kw/m². Aqui o consumo é de 1 kw/m², equivalente
aos padrões mundiais.
Sua linguagem própria deve-se à aplicação
de mão francesa de tijolos como suporte ao telhado. A mesma
linguagem foi utilizada nas aberturas e nos batentes das portas.
Estes foram compostos com uma moldura especialmente desenhada
para completar a composição. As janelas foram desenhadas
dentro de uma mesma proporção. O piso é de
cimento queimando, paginado segundo o fluxo interno da casa.
As duas varandas (varanda de inverno e varanda de verão)
estão localizadas de maneira a proporcionar duas situações
distintas: acumular calor no inverno e isolar o calor no verão.
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