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Arquitetura
Consciente
Em um cenário marcado por fatos como a catástrofe
ecológica e a aceleração de crises sociais,
entre outros acontecimentos, evidencia-se a necessidade de construir
novas lógicas e formas de conceber a intervenção
no ambiente.
De fato, se o atual ritmo de exploração do planeta
continuar, em um século não haverá fontes
de água ou de energia, reservas de ar puro, nem terras
para agricultura em quantidade suficiente para a preservação
da vida.
O papel do arquiteto
A arquitetura consciente considera o papel fundamental dos profissionais
da área frente à necessidade de sustentabilidade
do planeta.
Desde sempre, o trabalho do arquiteto foi o de relacionar o espaço
edificado com as questões ambientais. Durante séculos
buscou adequar a edificação ao clima, pois o edifício
sempre exerceu, entre outras funções, a de proteger
o homem das intempéries.
O arquiteto deveria então conhecer o clima local para fazer
da habitação um ambiente confortável, já
que não contava com sistemas artificiais, como condicionamento
de ar, aquecimento, luz, etc. |
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A
evolução tecnológica do século XX
possibilitou a relativização das variáveis
climáticas em benefício de outros fatores, principalmente
estéticos. Em alguns casos, também foram deixados
de lado a funcionalidade e o conforto.
A evolução dos sistemas estruturais e envoltórios
dos edifícios fez com que o arquiteto construísse
“qualquer coisa em qualquer lugar”, pois
considerava a energia como abundante e inesgotável. Entretanto,
as crises energéticas e questões ambientais decorrentes
mostraram que a abundância tem limites e fizeram com que
diversos setores da sociedade refletissem sobre o abuso dos recursos
naturais disponíveis, inclusive a arquitetura.
A consciência nas intervenções
ambientais
Soma-se a estes fatores, o fato de que o Brasil não dispõe
de um regulamento energético na área da construção
civil, que avalie a eficiência energética dos espaços
construídos, tal como encontrado em países como
Portugal, França, Espanha, Alemanha, entre outros.
É neste contexto que a arquitetura consciente procura destacar
a importância do papel dos profissionais brasileiros, responsáveis
por intervenções ambientais, em prol da sustentabilidade
do planeta.
O conceito e a técnica
Em síntese, a arquitetura consciente é aquela que
propõe o equilíbrio entre a situação
de conforto do ser humano e o baixo impacto ambiental. Busca este
equilíbrio por meio da adoção de padrões
e alternativas de intervenção no ambiente que privilegiam
a redução da necessidade de energia ativa, a reciclagem
de materiais, o uso de materiais cujos processos de produção
não esgotem os recursos energéticos, o armazenamento
e reutilização da água, entre outras possibilidades.
Entretanto, a sustentabilidade na área da arquitetura é
mais do que apenas a utilização de técnicas
e escolhas alternativas, implica na integração do
projeto à região e ao clima local e no uso de procedimentos
que calculam a energia recebida (calor e luz), o isolamento da
edificação, a inércia dos materiais empregados,
o atraso e amortecimento, a ventilação natural para
retirada de calor e renovação de ar.
São cálculos que indicam uma situação
de conforto (temperatura e umidade do ar) no ambiente interno,
segundo cada estação do ano.
A partir destas informações é possível
estabelecer a situação para cada ambiente a ser
edificado.
As variáveis fundamentais
Um projeto eficiente deve aliar todas estas variáveis às
tecnologias disponíveis (e até desenvolver novas)
para buscar resultados considerados “sustentáveis”.
Para tanto, o arquiteto pode partir da observação
da arquitetura vernacular (resultante da experiência concreta
dos homens ao longo do tempo - como as ocas, iglus, etc) e simular
novas soluções em busca do projeto mais eficiente.
Mas para que ainda seja compreendida como a “boa arquitetura”,
outros elementos também devem ser considerados: estética,
funcionalidade, aspectos culturais, políticos e econômicos
que dão sentido e significado ao projeto.
São variáveis, princípios e tecnologias intrínsecos
à produção arquitetônica consciente,
utilizados em todos os projetos, desde uma única e pequena
edificação, até complexos arquitetônicos
mais amplos.
Evidentemente, o uso de 100% de energia passiva é uma meta
difícil de ser atingida, a quantidade de energia ativa
complementar dependerá do estudo das condições
em cada caso.
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